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Em Mordomo, primeiro álbum da dupla em nova roupagem, depois de dez anos à frente de outro projeto musical, o bem-sucedido Vitrolas, a força da poesia somada a arranjos crus, de sonoridade cuidadosamente simples e certeira, são das características mais potentes. Transitando com facilidade entre o trompete e o vibrafone e entre sons de sintetizadores e sutilezas eletrônicas, apoiados por uma base que engloba violão de nylon, piano elétrico, guitarra, baixo e bateria, a dupla Bernardo e Fernando faz um som autoral e polifônico que se espalha por influências que vão da MPB clássica ao jazz de cabaré dos anos 40.

Mas é mais fácil e mais produtivo perceber a banda através de sentimentos do que enumerar os estilos que compõem as 11 faixas do disco, que estará disponível, em outubro, para download gratuito no site da banda e em streaming nas mais diversas plataformas. “As letras trazem uma ideia de autoconhecimento, ou pelo menos de uma busca por ele. É como se eu estivesse numa sessão de terapia, na qual fantasias, loucuras, nostalgias e escolhas fossem trazidas à tona, normalmente a partir de uma ótica lúdica, com toques de humor e ironia”, conta Fernando Persiano, autor das composições de Mordomo.

Outro fator que aponta para o bom resultado foi a facilidade em agregar outros músicos nas gravações, algo que sugere uma panorâmica significativa da atual e intensa produção musical de Belo Horizonte, ou pelo menos de boa parte dela. “Tem muita gente fazendo música muito boa”, confirma Bernardo. Entre seus pares estão músicos da banda A Fase Rosa, Tião Duá, Valsa Binária, Boechat, Vil Metal, além de músicos que transitam pela banda Graveola e o Lixo Polifônico, entre várias outras, em ascensão no cenário independente nacional.

Mordomo é fruto de uma transição musical vivida naturalmente por Bernardo Dias e Fernando Persiano depois que os integrantes da banda Vitrolas, da qual faziam parte, resolveram dar uma pausa em 2013. Durante 11 anos de estrada, a dupla adquiriu uma bagagem que incluiu mudança para São Paulo, inúmeros shows ao vivo por todo o país e o lançamento da trilogia Liberdade, um álbum triplo composto por três EPs, com cinco músicas cada um. 

 

 

Nos primeiros meses após o lançamento do álbum, o Mordomo teve destaque nos principais sites e blogs especializados no país. O álbum foi selecionado entre os 100 discos mais interessantes do ano de 2016, pelo site Jardim Elétrico. Teve destaque entre os Melhores da Música Brasileira, recebendo a Menção Honrosa, no site Embrulhador. O conceituado site Scream & Yell também deu ênfase ao álbum, que recebeu nota 8. O site Deveserisso citou o Mordomo como uma das dez novas bandas brasileiras que as pessoas precisam conhecer em 2016. Além do single da música Vilma ter sido lançado com exclusividade pela Billboard Brasil.


Outros sites que deram destaque ao Mordomo. 

*Red Bull *Música Inspira *Primavera Noise 
*Música Pavê * Jornal O Tempo * Jornal Hoje em Dia *Som do Som * G1 *Revista O Grito*Azoofa 
*Crush em Hi Fi *Criado Mundo *Maah Music *Pick The Headphones Palco da Arte *Blog Música Estática *Independente da música * Viver com música



FAIXA A FAIXA | Por Fernando Persiano


1. Crimes imaginários | Fernando Persiano

Trata-se de uma narrativa, com início, meio e fim, sobre uma dança que termina numa transa e, adiante, em suas consequências. No geral, todos os arranjos para o disco do Mordomo foram produzidos pelo Bernardo e por mim. Os músicos que nos acompanharam basicamente já tinham o que tocar. Essa foi a única faixa que criamos juntos e o pulso fortíssimo de baixo e batera deve-se a presença dos grandes músicos Fernando Feijão (bateria) e Rodrigo Magalhães (baixo), ambos da banda A Fase Rosa.


2. Vilma | Fernando Persiano

Como se estivesse numa sessão de terapia e ali viesse à tona o desabafo de uma mente obsessiva em busca de explicações racionais para compreender alguns sentimentos. Vilma, a musa, é a própria psicóloga. Por ter sido a primeira música a ser pré-produzida, vários elementos foram testados na canção e, de certa forma, traz uma síntese dos elementos principais presentes no disco. Violão de nylon, piano elétrico, guitarra, baixo, bateria e tambores que, juntos, revivem uma sonoridade característica da segunda metade da década de 70, em grande medida, encabeçada pelo pop internacional.


3. Amparo | Fernando Persiano

Essa canção fala de um pedido de casamento e, ao final, termina com a atmosfera de uma dança já no baile de casamento. Inicia-se com órgão e aos poucos vão entrando outras sonoridades até chegar ao ápice. Originalmente, era uma canção cheia de acordes. Na medida em que avançávamos na produção, houve uma simplificação natural que, inclusive, dialoga com a harmonia do álbum.


4. Musley | Fernando Persiano

A letra foi toda construída a partir de bordões que usávamos em casa para brincar ou se referir ao grande amigo Musley, um pinscher preto que viveu conosco por 11 anos. É cantada em forma de diálogo, na qual aparecem duas vozes. Tem uma levada bem dançante com referências claras ao jazz antigo. A base de trio, com guitarra, baixo e bateria, tem o complemento coadjuvante de um elegante piano.


5. Helena Baruê | Fernando Persiano

Helena Baruê era uma espécie de musa, todas as equipes a reverenciavam. Evoca uma narrativa e é a mais cênica do disco, com vozes e personagens – mordomo, mãe, irmão, porteiro, além da consciência, que aqui virou personagem também. Apesar do deboche, fala de coragem, persistência e foco. O coro da introdução e do final da música é uma alusão a um grito de torcida do colégio Ibituruna, onde estudei, nos anos 90, no interior de Minas. De novidade sonora, temos as linhas de slides do Bernardo Dias acrescentando mais uma opção no leque de timbres do disco.


6. Ontem eu fui lá | Fernando Persiano

Dois violões de nylon e percussão constroem a base dessa canção, que por ter apensas 1:30s de duração, funciona quase como uma vinheta. Foi composta quando eu morava em São Paulo e enfrentava quase 1000 km pra ver minha namorada no interior de Minas. Brinca com o eterno ir e vir. O vocal é um pouco mais performático em relação ao resto do disco e, não por acaso, bem-humorado.


7. Pode ir | Fernando Persiano + Caju

É uma letra muito verdadeira sobre o fim de um relacionamento, que relembra um sentimento forte e comum a tanta gente. A música evidencia duas formas de viver a situação; a do cara acabado, triste, choroso, que não se conforma com o que aconteceu, e do outro que tenta encarar a situação de uma maneira mais firme e positiva. São dois lados de uma mesma pessoa, interpretadas por duas vozes que dialogam durante a canção.


8. Faz um tempo | Fernando Persiano + Renato Boechat

É a mais calma do disco e, por isso, talvez a que mais difere das demais faixas. Fala da nossa falta de controle em relação à vida, de uma forma geral, mas num tom sem drama, mais de constatação mesmo. Os arranjos foram pautados no dedilhado bonito do violão do Renato Boechat, grande parceiro na canção. Trouxemos elementos eletrônicos, percussão, órgão, baixo e uma guitarra com som de sintetizador, dividindo a canção em três vozes.


9. Minha fantasia | Fernando Persiano

A musa platônica e nossas eternas fantasias. Assim como em Musley, aqui há uma base rítmica influenciada pelas Big Bands americanas da década de 30. É uma faixa que rememora o estilo Lindy Hop, dança criada no Harlem, em Nova York, nos anos 20 e 30. Utilizamos um violão dobro (muito usado no blues antigo, jazz e big bands), o que trouxe uma sonoridade bem típica desse tipo de canção. No meio da música, quando ocorre uma mudança forte de tom, nós brincamos um pouco com o estéreo.


10. Diálogo | Fernando Persiano + Leo Moraes

O reencontro de dois velhos amigos em um café, pontuado por desabafos. Trouxemos dos anos 60 as palmas como elemento rítmico, que aparecem em compasso com a caixa de bateria. Era uma melodia pronta há muito tempo, mas com a letra inacabada. Durante a pré-produção, mostrei ao Leo Moraes, vocalista e guitarrista da banda Valsa Binária, que deu sequência ao tom de conversa que a letra já trazia. Ele canta comigo essa faixa.


11. Futuro | Fernando Persiano

Canção ensolarada, com um instrumental de trompete, guitarra e piano construindo a melodia principal. É, como em boa parte das músicas do disco, uma música que me acompanha há anos. Fiz algumas letras em épocas diferentes, mas sempre gostei mais da melodia. Mudamos a levada rítmica na pré-produção, originalmente lenta e bem melancólica. Apesar de parecer trilha sonora de filme da década de 60, gosto de chamá-la de futuro. Sem letra, que é para cada um imaginar o seu.





 

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